“Depois de você, os outros são os outros e só...”. Algumas
pessoas são incomuns. Incomuns pelo simples fato de não pertencerem à
normalidade, a casualidade, e especialmente a fatalidade de serem iguais aos
outros. E ela era. Única. Ninguém entenderia a mim. Não se eu explicasse.
Sempre me perguntaram o que ela tinha de tão especial. Por que me prenderia e
tornar-me-ia tão dependente dela? Por que sendo eu tão único também? Talvez,
nenhuma palavra possa descrever tão bem ela o quanto ela mesma, em carne e
osso, e espírito. Uma áurea divina, impar. E um jeitinho. Sim jeitinho. A forma
de andar extremamente tímida olhando para o chão. A forma única de proteger os
olhos mínimos diante de qualquer luz que a fizesse chorar. O momento em que
estudava com sentada sobre as pernas e o mordendo a tampinha plástica do
grafite. Quando sorria para mim ao se maquiar em frente ao espelho. A
pulseirinha que tinha uma pimentinha no braço esquerdo. A forma de pedir beijinhos
e dizer que queria mais. A forma de se desequilibrar ao abrir um portão pesado.
E quando dirigia pisava no acelerador com apenas o dedão. Tinha charme na hora
de tentar girar um volante sem direção hidráulica. Bem como quando passava a
marcha e passava o dorso da mão sobre meu rosto. Essa era a definição da
palavra singular.
30 abril, 2013
22 janeiro, 2013
Apenas mais uma de amor. (Crônicas)
Antes, um pequeno prefácio. Prefácio não, explanação curta. Esse texto eu comecei a escrever em 2011. Antes de tanta coisa, eu parei na metade. Continuei em 2012. Terminei agora em 2013. Ainda não tá pronto. Eu nunca tô satisfeito e minha opinião é mutável. Mesmo assim, aqui vai uma crônica. E que o amor vá nos levando.
Seria muita presunção de minha parte afirmar que ela não
sabe o que é amar. E talvez ela não saiba realmente, porém não sou eu quem tem
essa resposta para o que quer que seja esse sentimento. Seria também injusto
dizer que ela não me ama. Amor é subjetivo. E o meu ideal de amor é muito
antiquado, muito surreal para a liquidez humana de sentimentos. Pelo menos era.
Hoje me tornei mais frio e inconsequente quanto ao amor. Talvez tenha me
tornado um estúpido. Ou simplesmente me humanizei. Humanos perderam a capacidade
de sentir. Ela e eu somos humanos. Talvez nós em especial, porque tenhamos
sofrido por amor. Mas até então, todos sofrem. Será então que se não sentimos,
perdemos a nossa capacidade de amar? Eu por não acreditar mais. Ela por acreditar
tanto nos sentimentos. Sentimentos são belos, mas patéticos. Cansam, e não nos
levam a muitos lugares. Em uma relação a dois o que menos vale é o sentimento
que chamam de amor. Porque mais uma vez o amor é subjetivo. O que eu significo
pra você, não é o que você significa pra mim. E as minhas experiências me
levaram a ser o que sou hoje. Como então ela me entenderia? Como então ela me
faria sentir o que desacredito sentir? Não é porque não se sente que não
existe. Princípio básico do teísmo, deísmo e afins. Mas para o amor não vale.
Pessoas precisam se sentir amadas para poder amar. Se eu não digo um fatídico ‘eu
te amo’, eu não mereço ouvir, mas se digo, e este é falso, pode convir ao outro
e assim ele vai se sentir livre para desprender as amarras da desconfiança dos
sentimentos e te amar. Mas apenas ela. Às vezes penso, e tão somente penso, que
esforços de ambas as partes são inúteis. Palavras por mais belas que sejam, são
apenas palavras. Palavras proferidas por mentes deturpadas e tão somente
complexas. Em mim, tudo isso seria suprimido com o físico. Mesmo eu sendo o
mais ciente que o sexo não é amor, e nem vice versa. Mas Rita Lee fez uma
referência universal com a música “amor e sexo”. ‘Sexo sem amor é vontade!’.
Simplesmente é o necessário. O amor nos torna humanos, mas sem o sexo não
seriamos animais e se não formos animais, seríamos divinos o que é impraticável.
Precisamos do físico, e para ter o físico, precisamos ser hipócritas, porque o
sexo virou uma moeda de troca. Preciso, ou precisamos do físico. Do toque, do
saber que tenho alguém, da presença. Não adianta muito o fato de pensar, pois o
pensamento e a falta, só existem quando na matéria, há no que se pensar, há do
que se ter saudades. Ele tenta colocar num pedestal alguém que não demonstra
nenhum interesse de querer estar lá. E nas oscilações de humor de um ser que só
precisa ouvir, talvez por isso ele não a faça feliz. Por vezes o inverso. Ele
não acredita mais no merecimento de estar em pedestal de ninguém e se sente mal
por não sentir o mesmo. Precisa, ele, da cura. Se é que a mesma existe. E vou
tomando doses homeopáticas de amor. Mesmo sabendo que por vezes as pequenas
doses curam. Ajo como uma criança birrenta que não quer tomar medicamento. Mas
sigo procurando. Até encontrar, ou reencontrar. Até lá.
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