28 janeiro, 2012

Velhas crônicas, Não postadas! N° 2


O amor...ou a falta dele...Cansado de escutar pagodes, de chorar lágrimas, de sofrer em pensamentos que não saem de minha cabeça. Paro então para escrever. Sobre o tema que mais gostava ou que mais gosto de falar. Sobre aquele que guia a humanidade, e talvez o único que ainda possa salvá-la desta destruição eminente. Até pareço estar amando. Não. É justamente por isso que estou escrevendo. Passada a raiva e após o baque que sofri, consigo juntar os cacos e unir algumas ideias ligadas talvez sem nenhuma coesão neste texto bastante ignóbil. O amor. Sentimento de merda este. Pode te levar as nuvens, mas se você o perde por um instante inesperado, você pode se afundar no mais puro inferno. Certo dia tava discutindo o amor com crianças de oitava série numa aula de redação. Tentava mostrar um tema complexo e ao mesmo tempo problemático. As ideias de amor daqueles adolescentes não estavam de todo errado. E o meu Niilismo não me permitia corrigir eles. Alguns pensam como eu pensei, outros como penso agora. Se é que penso agora. A verdade é que quase ninguém mais acredita nisso e eu estou me juntando a este grupo. Ou pelo menos estou sendo levado a acreditar que tudo aquilo que idealizei se transformou em um sentimento que beira a raiva ou que simplesmente inexiste. Talvez esteja mais uma vez enganado quanto a sua existência. Talvez exista. Aí eu me pergunto então sobre o que senti. Era real? O erro sou eu? Devo eu acreditar no que todos dizem? No amor de 4 edições de caras? A pergunta que me vem a cabeça é a de por que eu deveria me importar. E eu ainda me importo. Porque sem o amor, somos só, e tão somente, animais.

23/04/2011


P.S: Curado, por isso resolvi postar.


24 janeiro, 2012

Abutres e joão-de-barro


Amor, amorzinho, amor lindo, meu lindo, my sweet love, amore, meu anjo, minha estrelinha. Cada uma delas te chamou de alguma coisa. Te tornou especial em uma palavra. E cada vez que alguém comum chamar você desta palavra, ou simplesmente a cada vez que uma destas palavras forem entoadas da mesma maneira por alguém, você vai lembrar delas. Elas te fizeram juras, eternizaram momentos e deixaram lembranças. Lembranças agradáveis. Nada mais que isso. Te deram prazer, te enfeitiçaram e no fim partiram. Partiram sós, sem medo, sem receio, sem um adeus adequado. Se é que há algum tipo de adequação para despedidas. Se bem que a palavra despedida não tem o seu valor adequado. Utilizaria ela quando soubesse que as veria novamente. Não é o caso. Não porque eu não queira, embora em alguns casos eu não queira. De qualquer forma já faz tempo que elas partiram. E quando se foram, levaram algo que as pertenceu de alguma forma. O meu coração. Claro, o ideograma do meu coração. Aquele desenho tolo que invertido parece duas nádegas. Mas não levaram por inteiro. Levaram apenas um belo pedaço. Alguns maiores outros menores. Penso até que em certos furtos da massa imaginária do meu coração, jamais vão ser recuperados. É como se tivesse perdido um pouquinho dele, pra sempre. Até o ciclo começar novamente. Até você idealizar um ser tão imperfeito quanto você, e só porque ele te faz se sentir excitado, ou acelera seus batimentos cardíacos, você resolve colocar seu dilacerado órgão a mostra novamente. Para talvez um abutre levar ou quem sabe, um joão de barro construir uma casinha, para jamais deixar que outros abutres levem mais pedaços. Pena que os abutres são a maioria. E por mais que se erre, tente se consertar, os abutres não tem sentimentos (eles tem mas já são miúdos, ou cansados de outros abutres do mesmo sexo que o meu). Apenas te farão lembrar de momentos, que jamais sairão da sua cabeça, como a forma que uma delas mordia seu lábio suavemente ao te beijar, como uma delas te olhava depois de um primeiro beijo sabendo que te desconsertava, outra te olhava implorando um contato mais caliente depois de um abraço que implorava proteção, um simples andar de mãos dadas com gélidos dedos que se mexiam em busca de atenção para um carinho ou uma delas protegendo do sol os olhos já encolhidos por natureza depois de te sorrir mostrando o principal cartão de visitas que te enfeitiçou um dia. Preciso de um joão de barro. Antes que eu me torne um abutre, ou antes que eu deixe de ser um simples e mero joão de barro.




15 janeiro, 2012

Promessas, lágrimas, silêncio... e amor.

Sentado na cadeira. Decidiu ir deitar, depois de horas perdendo o seu tempo ,nem tão valioso, mas desperdiçado, na internet. Levantou-se, e saía do quarto para ir beber água antes de dormir. O telefone toca. Ele atende.
-Alô!
- Amor?!
- Oi, amor.
- Não sabes o que aconteceu.. Lembra de Carlos?
- Carlos?!
- É, aquele, no dia do cinema.
- Qual dia do cinema?!
- O namorado da minha prima!
- Sim, sei – ainda tentando associar nome a pessoa – sim.
- Pronto, amor, acabei de receber a notícia que ele morreu, tô tão triste.

Ele continuou frio. A morte do rapaz não significava tanto pra ele. Tanto que ficou estático e demorou a responder. E quando respondeu foi seco.

- Morreu de quê?
- Tu acredita que ele teve um infarto?
- Sério?
- Sim...tava em casa, foi tomar um banho, começou a demorar, quando a mãe tentou chamá-lo, não teve resposta e abriu a porta... ele tava estirado no chão.
- Caramba..
- Pois é, e só tinha 19 anos. Melissa tá arrasada. Eu vou ligar pra ela pra tentar acalmá-la.
- Liga mesmo, amor.
- Vou ligar.. Só 19 anos, praticava Jiu-jitsu, menino bom, tu não tás tão chocado...
- Pois é, eu só o vi uma vez. Não éramos nem amigos só o conhecia.
- Mesmo assim, amor.
- Enfim, ele fumava?
- Pouco, Melissa conseguiu fazer com que ele parasse mas ele fumava escondido. E bebia. Melissa soube que uma vez ele cheirou loló e é um perigo porque pode infartar.
- Verdade. Loló pode acelerar os batimentos cardíacos.
- É... Melissa disse que ele tava suado passando mal e chegou a desmaiar uma vez.. e jurou que iria parar.
- Será que ele ainda usava?
- Não sei, mas os exames póstumos vão confirmar..
- Hum.. sei.
- Enfim.. Vou desligar, beijos.

E assim a conversa terminou. Ela ligou pra prima, com todo o zelo e atenção. Ele manteve-se normal, tentando lembrar mais do rapaz, pra ver se conseguiria sentir um pouco de remorso ou tristeza que não havia. E foi deitar, refletindo sobre a morte prematura, e todo o seu poursuivre.
Pensava na dor dos parentes e o que aconteceria depois. E parava de pensar e foi dormir. Quando já cochilava o telefone toca. Do outro lado ela. Chorando.

- Amor?!
- Oi, amor, que voz é essa? Tá chorando?
- Amor, me promete uma coisa?
- O quê? Por que tu tá chorando? Calma, amor...
- Promete que não vai me deixar, que não vai ficar doente, que não vai morrer logo e assim?

Ela chorava copiosamente. Estranho a sensação de querer dizer que vai ficar tudo bem e saber que o destino pode ser impiedoso com qualquer um de nós. E ela continuou.

- Promete que nunca vai fumar essas drogas, maconha, nem cheirar loló, eu te amo tanto..
Não tinha o que responder. O silêncio durou alguns segundos antes de ser quebrado por ela novamente.

- Promete, amor... Promete que não vai morrer!
- Eu não pretendo, amor.
- Promete pra mim que não vai me deixar, por favor! E que não vai fumar maconha, nem cheirar loló..
- Eu... prometo. Também prometo te amar para todo o sempre..

E ouvia-se as lágrimas e os soluços decorrentes do choro. Que iria quebrando o a falta de palavras e tomando os créditos da ligação. O silêncio não ousava dizer nada, mas naquele momento era capaz de dizer muito. E ele que não acreditava no amor, utilizou a palavra amar com o verdadeiro sentido dela, com todo o seu sentido mais forte, mais real e muitas vezes mais desconhecido. E ela que já havia sofrido por amor, naquele momento pelo medo do trágico, amou, amava. Por mais que no futuro os dois pudessem inverter de papéis, um amar e a outra desamar, naquele momento o amor acontecia, por mais que se negasse, por mais que se evitasse, por maior que sejam as perdas, ou por mais arriscado e frágeis que sejam os relacionamentos modernos, eles sentiram algo em comum. Despediram-se. Ela parando de chorar, e ele começando a lacrimejar, sem que ela percebesse. Ela aliviado e ele agora exatamente o oposto de frio. Só percebiam que naquele momento, se faziam completos porque... porque, só eles sabiam o porquê!

10 janeiro, 2012

Sentidos e memórias..


Ouvi dizer que quando perdemos o nosso paladar e o nosso olfato, estamos propícios a perder algumas de nossas lembranças, e se perdemos as nossas lembranças, é como se não tivéssemos vivido aquela história. Algumas coisas, não queremos esquecer, doutras não queremos nem pensar em recordar. É fascinante, por exemplo, quando vou à praia e alguém pede ostras ao meu lado. A boca enche de água, e chego a sentir o gosto delas na minha boca, mesmo se minha língua não encosta naquele delicioso prato tipicamente praiano. A lembrança daquela especiaria se encontra nas minhas melhores recordações e é como se eu ainda pudesse sentir o sabor daquilo, mas que aos poucos fica mais remoto, mais afastado, menos claro, até o dia em que eu serei forçado à perguntar novamente “qual é o gosto disso?”. Coisas que marcam e trazem sorrisos ao seu rosto, são lembranças boas. No campo olfativo, um cheiro não me traz o sorriso fácil que tenho. Um perfume chamado “Egeo”. Era difícil sentir em outras pessoas sem lembrar de uma. E hoje, é mais um perfume. Espero que chegue logo o dia de dizer, “De quem era mesmo esse perfume?” e ficarei frustrado e talvez feliz por não atribuir a ninguém.