11 dezembro, 2009

Pensamentos curtos...


Vontade de um abraço (Mudanças...)

Estranho ver como as coisas mudaram e mudarão sem eu estar por perto para acompanhar. Sinto-me feliz em saber das novidades, e de que o tempo passa não apenas para mim na Suíça. Mesmo sabendo que as coisas serão bem parecidas num contexto geral, tenho ciência de que as coisas mudaram muito, para com algumas pessoas. O mundo não parou porque vim para a Europa, muito pelo contrário, são novidades atrás de novidades. Coisas que talvez ocorreriam com a minha presença aí, já que não interfiro diretamente nas vidas dos meus amigos, e da minha família também. É legal ter tal sentimento, embora às vezes me corroa por dentro com vontade de cobrar, parabenizar, abraçar e até simplesmente ouvir algumas vozes que no momento me parecem extremamente doces, como o canto dos pássaros que ouvia quando criança. Ao ligar pra dar os parabéns para duas amigas minhas, e ouvir suas vozes mesmo que tenha sido por poucos minutos ou até mesmo segundos, pareciam acordar o meu lado emocional. Parecia ter sido acalentado sem alguma explicação racional e lógica para o meu ceticismo. É até bom descobrir que tenho um coração...Mas já dizia Fagner: “Dividido entre a esperança e a razão”. Vontade de ganhar um abraço verdadeiro... Voilà...


Meio bossa nova e rock'n roll.


Umas estranhas sensações tomaram conta de mim por esses dias. Sinto-me envelhecido, entorpecido e admirado. Como diria Cazuza estou meio bossa nova e roac’n roll. Vejo como se o tempo passasse e eu não o acompanha-se. Sinto me triste, muito triste, mas não deixo transparecer. Pela primeira vez senti saudades do Brasil de verdade. Não planejo mais nada. Apenas deixo as coisas acontecerem. Descobri um novo “Eu” dentro de mim. Um “Eu” mais emocional, o qual admira as folhas amarelas que caem no outono, como se estivesse dopado. Minha mente apesar disso está longe. Admiro com o par de olhos negros que tenho, mas não estou ali, mesmo estando. Perco meu tempo pensando bobagem, querendo corrigir a mim mesmo, corrigir o meu passado, que infelizmente não pode mais mudar. Estou de lua, mesmo sabendo que tenho o dom de controlar o meu humor. Vejo que então sou tão ser humano quanto todo mundo. Vejo que sou falho (muito falho). Sorrio secamente, o que estraga meu principal cartão de visitas. Choro por dentro. Queria quebrar a rotina. De alguma forma estou feliz com isso. Eu não sou diferente. Mas também não sou igual. Percebo que a vida é apenas uma piada. Não sei se rio ou se choro pela graça, ou pela falta dela. De alguma forma penso que, quando e se eu voltar, tudo será uma versão de outra coisa, que achava conhecer... Igual e diferente. Talvez já nem me importe mais com isso. “What am I, Darling?”...é nesse trecho de uma música de Damien Rice que me perco. Descubro então que eu sou um louco, ou seria normal neste mundo virado de cabeça pra baixo? No meio de tantas descobertas descubro que posso enganar a todos, mas não a mim mesmo, o que me deixa um tanto irritado. Queria controlar a quantidade de dopamina no meu cérebro e quando tivesse escrevendo loucuras como esta, injetaria doses cavalares em meu corpo, sendo assim pararia de fazer o que mais amo e odeio ao mesmo tempo: pensar. Observo numa frase que gosto muito, uma verdade bem cruel: “A ignorância é uma benção!”. É me descobrindo, que me perco mais. Ao tentar desatar os nós da minha cabeça, enrolo me cada vez mais. Sou louco?! Talvez. Falo só em silêncio, construo diálogos, que na verdade são monólogos da minha pessoa com ela mesma. Divirto-me e me canso com tanta tolice. Não estou no meu mundo embora curta muito o novo. Não sou mais o mesmo. Ainda bem!

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Revivendo o passado


Sentia-me meio pra baixo aquele dia. Despreocupado, imensamente ansioso, uma mistura de triste e feliz. De alguma forma sentia me pensativo ao extremo. Passavam filmes e músicas na minha cabeça antes de dormir. Ainda conseguia dormir. A ansiedade pegava a todos lá em casa. Mesmo assim, eu e Ecila ainda conseguíamos dormir. Meu pai me paparicava e ao mesmo tempo me botava uma pressão ímpar sobre as coisas que ainda me restavam fazer antes de viajar. Minha mãe não conseguia raciocinar direito, adiava os problemas e já não dormia mais. Minha irmã ainda conseguia dormir, mas de alguma forma ela havia mudado da água para o vinho com a minha pessoa. Abraçava-me, o que pode parecer tão simples, porém vindo de Ecila é surpreendente. Naquele dia pela primeira vez conversamos racionalmente falando. Bons papos metafísicos, falávamos de religião, e vi que pensávamos parecido quanto a este assunto. Buscava explicá-la coisas que eram muito obscuras para ela. Ela até pediu pra dançar com ela enquanto meus pais bebiam em uma festa de São João que fui forçado a ir como amigo da vez, e recusei o convite para a dança como uma espécie de vingança, pelas outras vezes que havia a tirado para dançar. Meu pai me “babava” de uma forma que dava até nos nervos. Eu o entendia, mas já estava agoniado com o tratamento. Os fogos que soltavam, tinham luzes e sons maravilhosos, mas que pra mim naquele momento não passavam de irritantes. Fiquei tocando violão e animando a festa mesmo não estando tão animado.. fazia por que aquilo me evadia. Voltamos juntos para casa num dia “feliz”. Faltavam 5 dias para minha viagem.