13 dezembro, 2011

Velhas crônicas, não postadas!

Percepção. Adoro esta característica típica feminina. Não que os homens não tenham percepção. Admiramos apenas peitos e nádegas, que jamais passam despercebidas. Mas isso não é percepção. Embora rime com o que é. Quando falo desta habilidade, excluo os seres que exalam testosterona porque isso vai além dos 5 sentidos. Infelizmente os homens só conseguem desenvolver 5. Sempre fui fascinado por mulheres. E neste campo elas são mestres. Posso exemplificar. Aconteceram umas coisas, por estes dias, relacionadas a uma tentativa frustrada de contato com uma pessoa semi especial. Digo semi porque ela quis deixar de ser especial, porém de alguma forma ninguém consegue deixar de ser especial por completo. Não queria voltar, só gostaria que ela soubesse que ainda me importo, mas o fim disto explico depois porque não vale a pena. O contato não foi completo. Minha internet achou de cair. Pode parecer estranho, mas não fiquei emputecido. Afinal disse muito e de alguma forma aquilo me deixou mais leve. Fui dormir, com aquilo na cabeça, entretanto sem maiores frustrações. Acordo com Cazuza na cabeça. Cazuza para mim, as vezes serve para adjetivação. Naquele dia acordei meio bossa nova e meio rock'n roll. A falta de uma resposta dela não me deixava nervoso, e acredite ficaria normalmente. Naquela madrugada, pensava mais na música para dar uma aula do que em qualquer resposta negativa que com toda certeza viria (e realmente veio). Fui dar aula. Completamente estranho. Tão estranho como diria Dalto. Entrei em algumas turmas, numa delas expliquei o porque da canção “o nosso amor a gente inventa” do Cazuza. Além de render uma boa aula de sintaxe, tinha tudo relacionado ao que eu preciso. Um amor, nem que seja inventado. Entrei numa turma. A minha turma. Lá me sinto em casa, é o primeiro ano A, que tem alunos magníficos. O primeiro B também é especial. A diferença que na turma B, eu simplesmente expliquei os fatos. Na A, eu entrei na sala e uma aluna olhou nos meus olhos e antes de eu falar qualquer coisa eu a ouvir dizer que havia algo errado. Realmente havia. Que percepção fantástica. Não é a primeira vez que Yngrid fazia isso. Ela simplesmente consegue me ler, mesmo se eu não falo nada. Ela não hesitou em me perguntar, e depois de explicar a história, olhava pra ela, que chorava. Não resisti e chorei. Não pelas palavras que usei com a pessoa semi especial, não porque me arrependi ou algo do tipo. Olhar pra Yngrid e não chorar naquela situação seria ridículo. E derramei algumas lágrimas. Não consigo entender, como uma adolescente, que me conhece a pouco mais de 5 meses, sabe tanto perceber. Esse não é o verbo. Diria desvendar. Sou fechado, mas é nesses momentos que descubro que tenho um coração que ainda dita emoções que passam pelos meus olhos. E só em olhar pra mim, desvendou-me. Chegando em casa depois de acordar, já a noite recebo a doce mensagem que dizia em síntese. “Acabou. Acorda”. Descubro que também tenho percepção, assim como minha mãe e minha irmã que me abraçaram estranhamente só de me olhar um pouco mais apático do que o comum. Estranhamente porque principalmente minha irmã, não faz isso do nada. Meu pai, nem preciso dizer que a testosterona dele não permitiu perceber, mas eu o perdoo e o amo de qualquer forma, só admiro muito a quem tem percepção, talvez por isso e só por isso (mentira) eu admire as mulheres.


13/08/2011


23 outubro, 2011

Papelzinho Rosa!

Um dia roubei um livro, velho de uma biblioteca escolar, que infelizmente não é utilizada. Um livro de literatura. Na época isso nem me fascinava. Roubei porque já era professor de literatura e de alguma forma precisava aprender pra poder ensinar. Alguns devem perguntar como não gosto do literário sendo quase formado em letras. Era simples, não tinha um professor interessante de literatura, e nunca fui um bom aluno. Nem mesmo na faculdade. Felizmente tiveram trabalhos ou os professores simplesmente iam com a minha cara. Que coisa coisa boa eu pensava. Na verdade eu me iludia. Há beleza nos livros, nas histórias e hoje admiro ainda mais a forma de pensar de alguém que escreve. Não porque hoje escrevo, até porque já escrevia, porém pela beleza oculta nas palavras que para cada pessoa tem um significado especial. O fato é que roubei um livro. Demorei a tatear, a folhear, e a estudar. Tomei coragem um dia. Ao abrir, um boletim escolar. Um aluno bom em humanas e péssimo em exatas. Até aí nada fora do normal. Achei um papelzinho com um telefone, ainda havia 7 números. O nome da pessoa não estava lá. E no meio do romantismo, o capítulo é claro eis que surge um papelzinho rosa, dobrado ao meio e tímido. Tiro com uma atenção especial. Talvez pela cor chocante do rosa. Não que me atraia, mas que de alguma forma era diferente de um boletim ou de um papel que vieram juntos da mesma cor, a branca. O pedaço de folha A4 rosa, era mais ou menos um sexto da folha. Um palmo de comprimento por três míseros dedos largura, altura ou sei lá. Não aprendi matemática muito bem, exatamente igual ao menino do boletim. Abro com curiosidade aquela folha rosada que desperta de alguma forma minha curiosidade. Uma caligrafia típica de menina, bem miúda, arredondada e com traços de patricinha. A maioria das patricinhas que conheço tem uma letra parecida com essa. Vejo um pequeno rodapé e descubro que a autora se chamava Anna. Com 2 enes. No rodapé uma frase de amor, na verdade uma jura deste sentimento. Agora sim, diferente do boletim e do número telefônico, me interesso. E então começo a ler um texto simples que talvez não estivesse em “Romantismo” por acaso. Era exatamente assim (Não vou corrigir um texto tão belo):


“Aonde está você agora? Eu queria neste instante mergulhar em seus braços e abraços... Sentir o seu calor, pois só ele consegue me aquecer, e me faz esquecer que estou só, sem você. Aonde está seu corpo, pois o meu necessita de sua fragância, Queria e Quero sentir sua respiração, seu desejo, quero seus beijos para acalmar meu coração que pulsa forte, ao acreditar que você vai chegar. Vejo-o em meus pensamentos, sinto-o em minha ansiedade, choro sua ausência, sofro com esta terrível saudade, e só me resta uma pergunta: Aonde está você agora?


Eu sempre vou te amar por toda a eternidade!!!

Anna”


Ao ler o texto, me indaguei duas coisas. Será que ela realmente o amou pra toda a eternidade? Será que esse cara é real? De qualquer forma espero que a Anna não tenha quebrado a cara. Porque as pessoas que escrevem textos deste tipo, sem outras palavras, amam verdadeiramente. Espero que ela não tenha inventado mais amores, do tipo Cazuza quando diz que “o nosso amor a gente inventa”. Amores criados são legais, mas não chegam aos pés dos amores platônicos. Esses talvez por serem mais puros e inatingíveis, sejam mais amor. Procuro um novo amor platônico, enquanto não vem, vou criando.


26 agosto, 2011

Introduções ao amor..Parte 1

Era uma vez não. Isso realmente me aconteceu. Não me lembro exatamente e tão pouco com palavras exatas o ocorrido. Era muito guri,pirralho, moleque. Na época que era feliz, mesmo parecendo um autista diferente das outras crianças super agitadas daquele meu colégio. O ano era 1998, estava na terceira série (ou quarto ano como dizem hoje). Foi a primeira ideia que tive de relacionamento ou de amor, mesmo que de uma forma deturpada e totalmente incompreendida por um ser da minha idade naquele momento. Lembro me que parecia um dia normal, e realmente era. Nada naqueles dias fugia a uma realidade distante ou que comprometesse o curso da minha vida. Estava comendo as coxinhas caseiras que minha mãe me fazia de lanche para levar para a escola. De repente Marília se aproxima. Marília era a menina mais bonita da sala. Eu não a via assim. Aliás não pensava nisso nem de longe. Ela era simpática e sorridente. Sentou se ao meu lado e perguntou como quem quer alguma coisa se eu tava bem. Respondi que sim e ela retrucou que gostaria de falar comigo uma coisa séria lá em baixo e que não podia ser na frente da professora. Temi que tivesse feito alguma coisa mesmo assim disse que quando a visse lá em baixo eu falaria com ela. Ela saiu com um sorriso no rosto e foi pra perto de Renata. As duas cochicharam e eu inocentemente continuei a comer as deliciosas coxinhas. Horas depois o sinal toca. Desço e avisto Marília. Ela ri e olha se não tem ninguém perto. Não entendo, tampouco pergunto, apenas aguardo. Ela diz: “Renata mandou perguntar se tu quer namorar com ela, sendo que ela tá com vergonha.”. Um pequeno ser indefeso e despreparado fica agora chocado. Meus olhos que sempre foram tão miúdos arregalaram de uma forma que ela riu. Ela perguntou se eu tava bem e me explicou que só tinha eu e Felipe de bonito na nossa sala e que Felipe era muito tabacudo e Renata gostava de mim porque eu era mais sério e menos “menino” que os outros. Eu na realidade era o mais menino o mais ingênuo, mas o menino que elas tinham em mente era mais a ideia de centrado e menos bagunceiro que os outros. Naquela época (como as coisas mudaram) as palavras que ela utilizou foram mais ou menos essas. Não houveram gírias e nem malícia nas palavras ditas por Marília. Além disso houve um desconserto e uma resposta completamente ignóbil de minha parte. Eu disse que precisava pensar. Ela disse que tudo bem e que dissesse a ela mesma amanhã (Era quinta, traria a resposta na sexta e só veria minha nova futura namorada na segunda) já que Renata só viria segunda (acho que por vergonha tadinha!). Fui pra casa. Em vez de ir chutando pedrinhas como sempre fazia me dirigi em silêncio esboçando um sorriso e ao mesmo tempo erguendo as sobrancelhas pensativo.

18 agosto, 2011

Anderson Bomba e Violência!


Hoje estou vestindo preto. Hoje as pessoas da faculdade estão vestindo preto. Eu até gosto de roupas pretas. Elas tem uma elegância ímpar. Aleatoriamente, abri meu guarda-roupas e peguei uma camisa. Era preta, com o nome da cidade de Budapeste. Saí e fui dar aula. Dia estressante e numa discussão quase peço demissão. Acho justo discutir educação com aluno, mas aquela conversa que entrou em política e em sistema, tava alterando o meu humor que já não estava tão feliz, depois de dar uma senhora bronca na sétima série. Passada a raiva e a vontade de pedir demissão vim para casa. Como de costume, desabafei com meus pais que me deram compreensão e até passaram a mão na minha cabeça dizendo: bote pra fuder. Geralmente sou paciente e até pareço presunçoso e arrogante. Não gosto de discutir com pessoas que gritam, e nem que não tem o menor domínio do assunto que falam. Levei a discussão porque acredito na educação. Pelo menos ainda acredito. Depois da conversa com meus pais, venho eu ao computador. Ao entrar no facebook, uma notícia me choca mais do que o comum. A morte de um colega de faculdade, o sempre brincalhão e alegre Anderson Bomba. Eu conhecia este rapaz apenas de vista, conversas boêmias, dúvidas sobre DA e festas em Flavinha. Ele fazia matemática e era mais próximo do meu grande amigo de infância Josemir Carvalho. Talvez a morte dele não fizesse tão mal, porém um dia conheci a história deste verdadeiro guerreiro. Se resume brevemente em ser abandonado ainda criança na avenida Paulista, vir pra Recife de alguma forma, vender pulseirinha e chapéu de time em estádios, passar em matemática num vestibular e trabalhar dignamente de cobrador de coletivos para ganhar a vida. Reagindo a um assalto, foi baleado e acaba falecendo. Se pensarmos friamente em educação agora, poderemos deduzir que Anderson, poderia ter se tornado um dos caras que atirou nele. Felizmente ele escolheu estudar. Infelizmente outro preferiu roubar. Não acredito muito em justiça divina e também acredito que esse cara no meio da marginalidade não vá durar muito tempo. Talvez o bandido criado pelo sistema dure um pouco mais do que o nosso guerreiro. Mas sua hora há de vir. Não consigo ter ódio do bandido. Odeio o sistema que criamos, que vez ou outra pune inocentes, através dos monstros que ele próprio cria. Volto hoje ao colégio mais uma vez de preto. Depois de ter ido na terça à faculdade de preto, não só eu, mas quase todos os que o conheciam. E se na simbologia da nossa sociedade o preto é a cor do luto, Bomba merece essa mínima homenagem. Talvez o mínimo que eu ainda posso fazer pelo sistema, seja convencer alguns alunos meus de que estudar ainda é o melhor caminho. Ou talvez a nossa única salvação. Obrigado pelo exemplo Bomba. Descanse em paz mais uma vez!

16 agosto, 2011

Lição de Pai!


Dia 14 de agosto de 2011, Segundo domingo de agosto. Dia dos pais. Data especial. Aprendizado do dia, pelo meu maior ídolo. Tinha me programado pra dar aula, substituir um amigo meu no Prevupe que iria fazer uma prova. Quando aceitei não tinha refletido que era dia dos pais. Mas aceitei. Depois que tinha feito a merda pensei: Porra e meu pai. Fui perguntar a ele, ainda havia muito tempo para voltar atrás e não me sujar com o meu amigo. O dinheiro é bom, mas meu pai sempre será mais. Porém ele me disse uma coisa quando eu perguntei se ele se importava: “Vai ganhar teu dinheiro, tu tás liso e depois nós jantamos juntos.” Eu vi que ele não brincava e certamente não ficaria chateado se eu fosse. Ele ainda frisou: “Fora que tu já aceitou o convite, fica feio voltar atrás”. Isso já serviria de lição pra uma mensagem de dia dos pais mas o meu herói, não parou por aí. Hoje, dia 14, fui dar a aula e por sorte, larguei mais cedo. Chego em casa, louco, correndo, ainda torcendo pra que ele se animasse pra almoçar fora, como numa surpresa seria bem legal. Quando abro a porta, a dose do seu Red Label já está servida num copo enquanto ele corta um pedaço de linguiça de frango. Observa-me entrar e antes que eu fale qualquer coisa ele pergunta: “Visse o que fizeram no meu lado do carro?” Respondi negativamente tentando me livrar da bolsa pesada e já com olho na linguiça. Ele falou que tava destruído. Eu perguntei se ele bateu em alguma coisa. E ele respondeu: “ Bateram em mim.” O carro já está vendido. Ele vai ter um belo prejuízo. Mas ele sorri enquanto fala e completa o pensamento: “Prejuízo da porra.”. Eu fico triste ainda sem ver a batida. Ele me explica o ocorrido. Penso alto e digo, poxa e fudeu meus planos para o meu aniversário, ele revoltado com minha exclamação diz: “Quem disse? Sábado está confirmadíssimo. Aqui em casa, seus tios, alguns amigos se quiser chamar. Não sei se vamos sair, mas festa vai ter.”

O carro já era, talvez pizza com os amigos broche, mas meu pai me ensinou uma coisa. Festa é festa. E não devemos reclamar mais da vida, a menos que seja entre segunda e sexta-feira. Feliz dia dos pais meu velho!

24 julho, 2011

Besteiras do FB!

Isso foi uma conversa de loucos no Facebook. Uma quarta pessoa sugeriu que isso fosse postado num blog e assim o fiz. Parabéns a nós autores, Davi Dias, Gilberto Alves e Aline Livre!

DD: E nessa caminho de dúvidas vou em busca da felicidade sabendo que não vou achar,mas com a certeza de que vou amadurecer o suficiente para olhar no passado e ver as pequenas coisas que me deram o sabor de ser feliz, mesmo que por tão pouco tempo.

AL: Estou em busca dessas pequenas coisas que dão o sabor da *felicidade*(momentos).

DD: Você já as têm, mas tem os planos e a coisa toda do futuro que não nos deixa ver o que é bom o bastante. Humana. É da nossa natureza buscar mais, desejar mais. E arrepender-se no final.

AL: Buscar mais, desejar mais. E arrepender-se no final. Não buscar, não desejar. E arrepender-se no final. (Natureza Humana).

DD: E eu que não vou ficar velho resmungando. Vou rir das bobagens, aproveitar as futilidades, pegar na mão do meu amigo, usar e abusar da família, amar, fazer amor. Por que depois, a pergunta que nos resta é: O que sobrou?

GA: E quando errar ou tentar perde o sentido? e quando você se sente tão fraco e tão frágil e que as doces futilidades da vida já perderam a graça? Quando já não acreditas no amor ou nas pessoas? Quando o certo não é mais tão certo e o errado não parece ser aquilo que tenta ser?

DD: Dor, dúvida, perdas. Ninguém está imune. Mas há muito o que se fazer neste ponto. Você pode se entregar, adoecer, desacreditar, desacreditar-se. Ou você pode continuar, com a dor que seja. Somos vulneráveis ao sofrimento (e não há loucura em dizer que ele é necessário) mas também temos a cura: esperança, coragem, fé, escolha um. Ou, como disse antes, você pode se entregar e antecipar o arrependimento.

GA: E quando não se há fé? E quando a coragem não é o bastante?! Isso é muito complexo..Mas vou vivendo!


25 junho, 2011

Estágio para 2012 Parte 2

Quase uma hora de espera depois, chega o bendito 433 – Brasilit. Começam a subir as pessoas. E não paravam de subir. Uma lata de sardinha tem mais espaço, aliás me lembrava uma lata de atum. Juro que nunca vi um Brasilit parecer um Barro/ Macaxeira. Vejo um amigo que gentilmente segura minha bolsa. Ele e eu conversamos e cedo o meu celular para uma senhora que deseja se comunicar com seus filhos. Tentei várias vezes me comunicar com diversas pessoas e nada. Não é que ela consegui e de primeira?! Mais pessoas sobem no ônibus e me pergunto como. Engarrafamento, muito grande. Demoramos cerca de 30 minutos pra passar do Derby até o Extra da Benfica. A água da do rio havia transbordado e saia pelos boeiros. Mais desespero das pessoas que estavam nas ruas. Mais risadas internas. Aquele definitivamente não era o meu dia. De pé, uma pessoa escuta funk do meu lado obviamente sem o fone. Outra escuta brega, mas brega tipo Sheldon e outra de gosto sexual duvidoso escuta Britney Spears enquanto ri pra mim. Pior é que nem fazer cara feia eu conseguia mais. Por um milagre consigo entrar em contato com alguém (Patrícia Rossiter), e informo o que ela já sabia: Não haveria aula! Meu amigo desce e gentilmente cede o lugar para mim. Sento e começo a escrever esta crônica que vocês leem. Reflito sobre a desgraça e o desespero humano, chego a cogitar e depois rir da possibilidade da Represa ter mesmo rompido, sangrado, explodido ou qualquer coisa. Penso em meus pais, minha irmã, na gata, nos meus amigos e até nos meus alunos os quais se o mundo acabasse realmente, não teriam vivido o suficiente ou pelo menos o que eu vivi. Desço na minha parada e a chuva volta a cair levemente. Paro pra comprar uma coxinha, mas não tinha mais. Sigo então para o meu lar. Ao abrir a porta minha mãe e meu pai. Os dois espojados no sofá. Minha mãe me dá uma bronca e pergunta porque a demora. Respondo a ela se ela soube que o Recife tava acabando e perguntei se ela não sabia. Meu pai gargalha com minha capacidade de trucidar de forma engraçada o medo da minha mãe. Explico a ela que levei quase 2 horas pra fazer um percusso que faço no máximo em 40 minutos. Vou pro computador. Ao entrar no facebook, vi que havia um scrap de uma pessoa especial (hoje ainda mais) que me perguntava se estava bem já que não conseguiu falar comigo. Vi que por mais que o mundo possa parecer injusto, pequenas demonstrações de afeto podem fazer seu dia terrível parecer bom. Lembro de momentos como o CONEUPE do mesmo ano, onde a minha vida de militante estudantil fez sentido com a atitude de alguns estudantes que me acompanhavam. Hoje sinto a mesma coisa. Lembro do texto que diz que tudo fará sentido um dia do filme Beleza Americana. Lembro de relaxar e de não me apegar aos detalhes sórdidos da vida. A vida não é doce mas é bela. E são pessoas, momentos e lembranças boas que tornam a nossa jornada mais graciosa. Penso que se o mundo realmente acabasse, ou se Gilberto acabasse ali, alguém teria se importado. É bom saber que alguém se importa comigo. Melhor é saber disso. Posso não entender o sentido da vida, mas descubro nestes momentos que ele existe, e isso me deixa leve. Não sou perfeito, porém me torno melhor em dias como estes. E só eu sei como isso é bom.


23 maio, 2011

Estágio para 2012 Parte 1


05 de maio de 2011. Como esquecer este dia?! Para mim, ele havia começado até bem. Tinha dormido 9 horas seguidas, e se hoje durmo mais do que 6 horas, eu chego a soltar fogos. Enfim, levanto, vou no computador. Olho minhas redes sociais, checo meu e-mail, tudo com a mesma calma e lerdeza que o sono me provoca quando acordo. Saio do meu quarto e vou ao banheiro. Definitivamente devo parar de comer besteiras. Estas não gostam muito das paredes do meu estômago. Reflito no vaso. Esboço um sorriso, mas penso até em chorar. Termino meu servicinho e vou tomar meu banho. Como esquecer da água que estava mais gelada que a do bebedouro no máximo? Sorri pela primeira vez naquele dia da minha própria desgraça. Visto me, tomo café, engulo alguns pães, pego meus pertences e saio 5minutos em atraso. Porra...Esqueci meu guarda-chuva. Abre tudo de novo, entro e pego. Enquanto estou fechando a porta, sinto uma pequena coceira debaixo do braço. Quando olho era uma pequena formiga. Bato e retiro ela do meu braço não antes de ser picado. Continuo a fechar a porta e sinto novamente a coceira. Olho para minha blusa e uma, duas, três, incontáveis formigas. Pânico. Tento me livrar da minha camisa enquanto abro a porta. Olho de onde vem o formigueiro. Havia alimentado as formigas com o resto do meu biscoito na bolsa que levo lanches para escola onde trabalho. Troco de roupa e de mochila. Meu rapidamente durou 5 minutos, que agora eram de atraso. Chuva. Muita chuva. O guarda-chuva não adiantava muito. Pedro mandava chuva. Gotas do tipo elefante. Caminho para a BR 101. Água nos pés, felizmente fui de sandália. Uma rua do percusso havia alagado. Pés na água. Chego na BR. Olho para um lado e para o outro. Vejo minha parada do outro lado da margem. Sim..Falei margem. A BR tinha virado um rio. Dou meia volta. Não sei se quero nadar. Faço um balão para atravessar pela passarela do hospital das clínicas. Vejo meu busão passar de lá de cima. Mais 5 minutos, já totalizando 15 de atraso. Chego finalmente a parada e mais 15 minutos esperando um novo Barro/Macaxeira passar. Pra piorar, debaixo de chuva forte e tentando desviar dos banhos que os carros tentavam dar com as poças de água na pista. Chegou o ônibus. Dentro com janelas fechadas um calor infernal, o carro transpira. Para piorar pessoas com a feição fechada e nenhum cheiro de leite de rosas pelo menos. Parece que cheirar bem faz mal! Troca de coletivo no Terminal de Integração da Macaxeira. Empurrões. Subo noutro mais vazio e menos fedorento desta vez. Milagrosamente chego no colégio a tempo. Só tive que me organizar nas carreiras. Pega caderneta, coloca tênis e vai pra sala. Aulas. Uma turma desinteressada, outra super agitada. Pelo menos o terceiro ano tava quietinho. Chamada. Um nome que não queria ouvir. Mas nada poderia piorar meu dia, assim pensava. Engano meu. O dia só havia começado. Volta pra casa. Mais chuva, mais ônibus lotado. Mais empurrão. Em casa meu pai abre a porta com uma notícia. Pague tal conta. Com seu dinheiro. Detalhe, é que meu dinheiro já tinha ido pro saco. Peço emprestado a ele. Pago depois. Liso e agora devendo. Almoço e vou dar aula particular de inglês. Mais chuva e mais busão. Boatos sobre não haver aula na faculdade são me ditos e depois desmentidos de minuto em minuto. Começo minha aula. Tudo vai bem. Aluno focado. O telefone no silencioso no meu bolso vibra o tempo todo, porém consigo me concentrar. De repente, na metade da aula um cara engravatado e de paletó interrompe a aula e com ar de desespero diz que Tapacurá tá sangrando que ele estava liberado e tinha que ir pra conseguir chegar em casa. Meu aluno, como bom paulista me pergunta: - O que danado é Tapacurá? . Respondo da seguinte forma: - Recife é abaixo do nível do mar, e Tapacurá é uma represa que realmente estourar estaremos boiando em alguns minutos. Começo a organizar minha bolsa e quando olho novamente o aluno ele já está vestido com o paletó, coisas debaixo do braço e com a chave do carro na mão. Sorrio e me despeço. Vou andando calmamente do Hospital Português até o Derby. Chegando lá me lembrei do galo da madrugada. Tudo cheio. Ninguém respeitava sinal. Pessoas desesperadas. Crentes pregavam, católicos rezavam, “ateus” se convertiam e ateus diziam fudeu.

29 janeiro, 2011

Velhas Poesias

Adormecer ao seu perfume

Seu doce perfume a exalar suavemente
aguçando o seu rosto em minha mente
que está quase sempre a entorpecer
fazendo-me enlouquecer e adormecer
um sono tão profundo
que chego a sair do mundo
quero voltar a minha mente
porém batalho duramente
mas não consigo
o teu perfume esquecer
e tento não adormecer
para sentir o teu perfume tão doce
e como se fácil fosse
explicar o que é amor
se você não sabe o que é amar
assim gosto de dizer
ensinarei te e te amarei
Então gosto, posso e vou dizer
Simplesmente amo você!