26 agosto, 2011

Introduções ao amor..Parte 1

Era uma vez não. Isso realmente me aconteceu. Não me lembro exatamente e tão pouco com palavras exatas o ocorrido. Era muito guri,pirralho, moleque. Na época que era feliz, mesmo parecendo um autista diferente das outras crianças super agitadas daquele meu colégio. O ano era 1998, estava na terceira série (ou quarto ano como dizem hoje). Foi a primeira ideia que tive de relacionamento ou de amor, mesmo que de uma forma deturpada e totalmente incompreendida por um ser da minha idade naquele momento. Lembro me que parecia um dia normal, e realmente era. Nada naqueles dias fugia a uma realidade distante ou que comprometesse o curso da minha vida. Estava comendo as coxinhas caseiras que minha mãe me fazia de lanche para levar para a escola. De repente Marília se aproxima. Marília era a menina mais bonita da sala. Eu não a via assim. Aliás não pensava nisso nem de longe. Ela era simpática e sorridente. Sentou se ao meu lado e perguntou como quem quer alguma coisa se eu tava bem. Respondi que sim e ela retrucou que gostaria de falar comigo uma coisa séria lá em baixo e que não podia ser na frente da professora. Temi que tivesse feito alguma coisa mesmo assim disse que quando a visse lá em baixo eu falaria com ela. Ela saiu com um sorriso no rosto e foi pra perto de Renata. As duas cochicharam e eu inocentemente continuei a comer as deliciosas coxinhas. Horas depois o sinal toca. Desço e avisto Marília. Ela ri e olha se não tem ninguém perto. Não entendo, tampouco pergunto, apenas aguardo. Ela diz: “Renata mandou perguntar se tu quer namorar com ela, sendo que ela tá com vergonha.”. Um pequeno ser indefeso e despreparado fica agora chocado. Meus olhos que sempre foram tão miúdos arregalaram de uma forma que ela riu. Ela perguntou se eu tava bem e me explicou que só tinha eu e Felipe de bonito na nossa sala e que Felipe era muito tabacudo e Renata gostava de mim porque eu era mais sério e menos “menino” que os outros. Eu na realidade era o mais menino o mais ingênuo, mas o menino que elas tinham em mente era mais a ideia de centrado e menos bagunceiro que os outros. Naquela época (como as coisas mudaram) as palavras que ela utilizou foram mais ou menos essas. Não houveram gírias e nem malícia nas palavras ditas por Marília. Além disso houve um desconserto e uma resposta completamente ignóbil de minha parte. Eu disse que precisava pensar. Ela disse que tudo bem e que dissesse a ela mesma amanhã (Era quinta, traria a resposta na sexta e só veria minha nova futura namorada na segunda) já que Renata só viria segunda (acho que por vergonha tadinha!). Fui pra casa. Em vez de ir chutando pedrinhas como sempre fazia me dirigi em silêncio esboçando um sorriso e ao mesmo tempo erguendo as sobrancelhas pensativo.

18 agosto, 2011

Anderson Bomba e Violência!


Hoje estou vestindo preto. Hoje as pessoas da faculdade estão vestindo preto. Eu até gosto de roupas pretas. Elas tem uma elegância ímpar. Aleatoriamente, abri meu guarda-roupas e peguei uma camisa. Era preta, com o nome da cidade de Budapeste. Saí e fui dar aula. Dia estressante e numa discussão quase peço demissão. Acho justo discutir educação com aluno, mas aquela conversa que entrou em política e em sistema, tava alterando o meu humor que já não estava tão feliz, depois de dar uma senhora bronca na sétima série. Passada a raiva e a vontade de pedir demissão vim para casa. Como de costume, desabafei com meus pais que me deram compreensão e até passaram a mão na minha cabeça dizendo: bote pra fuder. Geralmente sou paciente e até pareço presunçoso e arrogante. Não gosto de discutir com pessoas que gritam, e nem que não tem o menor domínio do assunto que falam. Levei a discussão porque acredito na educação. Pelo menos ainda acredito. Depois da conversa com meus pais, venho eu ao computador. Ao entrar no facebook, uma notícia me choca mais do que o comum. A morte de um colega de faculdade, o sempre brincalhão e alegre Anderson Bomba. Eu conhecia este rapaz apenas de vista, conversas boêmias, dúvidas sobre DA e festas em Flavinha. Ele fazia matemática e era mais próximo do meu grande amigo de infância Josemir Carvalho. Talvez a morte dele não fizesse tão mal, porém um dia conheci a história deste verdadeiro guerreiro. Se resume brevemente em ser abandonado ainda criança na avenida Paulista, vir pra Recife de alguma forma, vender pulseirinha e chapéu de time em estádios, passar em matemática num vestibular e trabalhar dignamente de cobrador de coletivos para ganhar a vida. Reagindo a um assalto, foi baleado e acaba falecendo. Se pensarmos friamente em educação agora, poderemos deduzir que Anderson, poderia ter se tornado um dos caras que atirou nele. Felizmente ele escolheu estudar. Infelizmente outro preferiu roubar. Não acredito muito em justiça divina e também acredito que esse cara no meio da marginalidade não vá durar muito tempo. Talvez o bandido criado pelo sistema dure um pouco mais do que o nosso guerreiro. Mas sua hora há de vir. Não consigo ter ódio do bandido. Odeio o sistema que criamos, que vez ou outra pune inocentes, através dos monstros que ele próprio cria. Volto hoje ao colégio mais uma vez de preto. Depois de ter ido na terça à faculdade de preto, não só eu, mas quase todos os que o conheciam. E se na simbologia da nossa sociedade o preto é a cor do luto, Bomba merece essa mínima homenagem. Talvez o mínimo que eu ainda posso fazer pelo sistema, seja convencer alguns alunos meus de que estudar ainda é o melhor caminho. Ou talvez a nossa única salvação. Obrigado pelo exemplo Bomba. Descanse em paz mais uma vez!

16 agosto, 2011

Lição de Pai!


Dia 14 de agosto de 2011, Segundo domingo de agosto. Dia dos pais. Data especial. Aprendizado do dia, pelo meu maior ídolo. Tinha me programado pra dar aula, substituir um amigo meu no Prevupe que iria fazer uma prova. Quando aceitei não tinha refletido que era dia dos pais. Mas aceitei. Depois que tinha feito a merda pensei: Porra e meu pai. Fui perguntar a ele, ainda havia muito tempo para voltar atrás e não me sujar com o meu amigo. O dinheiro é bom, mas meu pai sempre será mais. Porém ele me disse uma coisa quando eu perguntei se ele se importava: “Vai ganhar teu dinheiro, tu tás liso e depois nós jantamos juntos.” Eu vi que ele não brincava e certamente não ficaria chateado se eu fosse. Ele ainda frisou: “Fora que tu já aceitou o convite, fica feio voltar atrás”. Isso já serviria de lição pra uma mensagem de dia dos pais mas o meu herói, não parou por aí. Hoje, dia 14, fui dar a aula e por sorte, larguei mais cedo. Chego em casa, louco, correndo, ainda torcendo pra que ele se animasse pra almoçar fora, como numa surpresa seria bem legal. Quando abro a porta, a dose do seu Red Label já está servida num copo enquanto ele corta um pedaço de linguiça de frango. Observa-me entrar e antes que eu fale qualquer coisa ele pergunta: “Visse o que fizeram no meu lado do carro?” Respondi negativamente tentando me livrar da bolsa pesada e já com olho na linguiça. Ele falou que tava destruído. Eu perguntei se ele bateu em alguma coisa. E ele respondeu: “ Bateram em mim.” O carro já está vendido. Ele vai ter um belo prejuízo. Mas ele sorri enquanto fala e completa o pensamento: “Prejuízo da porra.”. Eu fico triste ainda sem ver a batida. Ele me explica o ocorrido. Penso alto e digo, poxa e fudeu meus planos para o meu aniversário, ele revoltado com minha exclamação diz: “Quem disse? Sábado está confirmadíssimo. Aqui em casa, seus tios, alguns amigos se quiser chamar. Não sei se vamos sair, mas festa vai ter.”

O carro já era, talvez pizza com os amigos broche, mas meu pai me ensinou uma coisa. Festa é festa. E não devemos reclamar mais da vida, a menos que seja entre segunda e sexta-feira. Feliz dia dos pais meu velho!