25 junho, 2011

Estágio para 2012 Parte 2

Quase uma hora de espera depois, chega o bendito 433 – Brasilit. Começam a subir as pessoas. E não paravam de subir. Uma lata de sardinha tem mais espaço, aliás me lembrava uma lata de atum. Juro que nunca vi um Brasilit parecer um Barro/ Macaxeira. Vejo um amigo que gentilmente segura minha bolsa. Ele e eu conversamos e cedo o meu celular para uma senhora que deseja se comunicar com seus filhos. Tentei várias vezes me comunicar com diversas pessoas e nada. Não é que ela consegui e de primeira?! Mais pessoas sobem no ônibus e me pergunto como. Engarrafamento, muito grande. Demoramos cerca de 30 minutos pra passar do Derby até o Extra da Benfica. A água da do rio havia transbordado e saia pelos boeiros. Mais desespero das pessoas que estavam nas ruas. Mais risadas internas. Aquele definitivamente não era o meu dia. De pé, uma pessoa escuta funk do meu lado obviamente sem o fone. Outra escuta brega, mas brega tipo Sheldon e outra de gosto sexual duvidoso escuta Britney Spears enquanto ri pra mim. Pior é que nem fazer cara feia eu conseguia mais. Por um milagre consigo entrar em contato com alguém (Patrícia Rossiter), e informo o que ela já sabia: Não haveria aula! Meu amigo desce e gentilmente cede o lugar para mim. Sento e começo a escrever esta crônica que vocês leem. Reflito sobre a desgraça e o desespero humano, chego a cogitar e depois rir da possibilidade da Represa ter mesmo rompido, sangrado, explodido ou qualquer coisa. Penso em meus pais, minha irmã, na gata, nos meus amigos e até nos meus alunos os quais se o mundo acabasse realmente, não teriam vivido o suficiente ou pelo menos o que eu vivi. Desço na minha parada e a chuva volta a cair levemente. Paro pra comprar uma coxinha, mas não tinha mais. Sigo então para o meu lar. Ao abrir a porta minha mãe e meu pai. Os dois espojados no sofá. Minha mãe me dá uma bronca e pergunta porque a demora. Respondo a ela se ela soube que o Recife tava acabando e perguntei se ela não sabia. Meu pai gargalha com minha capacidade de trucidar de forma engraçada o medo da minha mãe. Explico a ela que levei quase 2 horas pra fazer um percusso que faço no máximo em 40 minutos. Vou pro computador. Ao entrar no facebook, vi que havia um scrap de uma pessoa especial (hoje ainda mais) que me perguntava se estava bem já que não conseguiu falar comigo. Vi que por mais que o mundo possa parecer injusto, pequenas demonstrações de afeto podem fazer seu dia terrível parecer bom. Lembro de momentos como o CONEUPE do mesmo ano, onde a minha vida de militante estudantil fez sentido com a atitude de alguns estudantes que me acompanhavam. Hoje sinto a mesma coisa. Lembro do texto que diz que tudo fará sentido um dia do filme Beleza Americana. Lembro de relaxar e de não me apegar aos detalhes sórdidos da vida. A vida não é doce mas é bela. E são pessoas, momentos e lembranças boas que tornam a nossa jornada mais graciosa. Penso que se o mundo realmente acabasse, ou se Gilberto acabasse ali, alguém teria se importado. É bom saber que alguém se importa comigo. Melhor é saber disso. Posso não entender o sentido da vida, mas descubro nestes momentos que ele existe, e isso me deixa leve. Não sou perfeito, porém me torno melhor em dias como estes. E só eu sei como isso é bom.