23 maio, 2011

Estágio para 2012 Parte 1


05 de maio de 2011. Como esquecer este dia?! Para mim, ele havia começado até bem. Tinha dormido 9 horas seguidas, e se hoje durmo mais do que 6 horas, eu chego a soltar fogos. Enfim, levanto, vou no computador. Olho minhas redes sociais, checo meu e-mail, tudo com a mesma calma e lerdeza que o sono me provoca quando acordo. Saio do meu quarto e vou ao banheiro. Definitivamente devo parar de comer besteiras. Estas não gostam muito das paredes do meu estômago. Reflito no vaso. Esboço um sorriso, mas penso até em chorar. Termino meu servicinho e vou tomar meu banho. Como esquecer da água que estava mais gelada que a do bebedouro no máximo? Sorri pela primeira vez naquele dia da minha própria desgraça. Visto me, tomo café, engulo alguns pães, pego meus pertences e saio 5minutos em atraso. Porra...Esqueci meu guarda-chuva. Abre tudo de novo, entro e pego. Enquanto estou fechando a porta, sinto uma pequena coceira debaixo do braço. Quando olho era uma pequena formiga. Bato e retiro ela do meu braço não antes de ser picado. Continuo a fechar a porta e sinto novamente a coceira. Olho para minha blusa e uma, duas, três, incontáveis formigas. Pânico. Tento me livrar da minha camisa enquanto abro a porta. Olho de onde vem o formigueiro. Havia alimentado as formigas com o resto do meu biscoito na bolsa que levo lanches para escola onde trabalho. Troco de roupa e de mochila. Meu rapidamente durou 5 minutos, que agora eram de atraso. Chuva. Muita chuva. O guarda-chuva não adiantava muito. Pedro mandava chuva. Gotas do tipo elefante. Caminho para a BR 101. Água nos pés, felizmente fui de sandália. Uma rua do percusso havia alagado. Pés na água. Chego na BR. Olho para um lado e para o outro. Vejo minha parada do outro lado da margem. Sim..Falei margem. A BR tinha virado um rio. Dou meia volta. Não sei se quero nadar. Faço um balão para atravessar pela passarela do hospital das clínicas. Vejo meu busão passar de lá de cima. Mais 5 minutos, já totalizando 15 de atraso. Chego finalmente a parada e mais 15 minutos esperando um novo Barro/Macaxeira passar. Pra piorar, debaixo de chuva forte e tentando desviar dos banhos que os carros tentavam dar com as poças de água na pista. Chegou o ônibus. Dentro com janelas fechadas um calor infernal, o carro transpira. Para piorar pessoas com a feição fechada e nenhum cheiro de leite de rosas pelo menos. Parece que cheirar bem faz mal! Troca de coletivo no Terminal de Integração da Macaxeira. Empurrões. Subo noutro mais vazio e menos fedorento desta vez. Milagrosamente chego no colégio a tempo. Só tive que me organizar nas carreiras. Pega caderneta, coloca tênis e vai pra sala. Aulas. Uma turma desinteressada, outra super agitada. Pelo menos o terceiro ano tava quietinho. Chamada. Um nome que não queria ouvir. Mas nada poderia piorar meu dia, assim pensava. Engano meu. O dia só havia começado. Volta pra casa. Mais chuva, mais ônibus lotado. Mais empurrão. Em casa meu pai abre a porta com uma notícia. Pague tal conta. Com seu dinheiro. Detalhe, é que meu dinheiro já tinha ido pro saco. Peço emprestado a ele. Pago depois. Liso e agora devendo. Almoço e vou dar aula particular de inglês. Mais chuva e mais busão. Boatos sobre não haver aula na faculdade são me ditos e depois desmentidos de minuto em minuto. Começo minha aula. Tudo vai bem. Aluno focado. O telefone no silencioso no meu bolso vibra o tempo todo, porém consigo me concentrar. De repente, na metade da aula um cara engravatado e de paletó interrompe a aula e com ar de desespero diz que Tapacurá tá sangrando que ele estava liberado e tinha que ir pra conseguir chegar em casa. Meu aluno, como bom paulista me pergunta: - O que danado é Tapacurá? . Respondo da seguinte forma: - Recife é abaixo do nível do mar, e Tapacurá é uma represa que realmente estourar estaremos boiando em alguns minutos. Começo a organizar minha bolsa e quando olho novamente o aluno ele já está vestido com o paletó, coisas debaixo do braço e com a chave do carro na mão. Sorrio e me despeço. Vou andando calmamente do Hospital Português até o Derby. Chegando lá me lembrei do galo da madrugada. Tudo cheio. Ninguém respeitava sinal. Pessoas desesperadas. Crentes pregavam, católicos rezavam, “ateus” se convertiam e ateus diziam fudeu.