15 janeiro, 2012

Promessas, lágrimas, silêncio... e amor.

Sentado na cadeira. Decidiu ir deitar, depois de horas perdendo o seu tempo ,nem tão valioso, mas desperdiçado, na internet. Levantou-se, e saía do quarto para ir beber água antes de dormir. O telefone toca. Ele atende.
-Alô!
- Amor?!
- Oi, amor.
- Não sabes o que aconteceu.. Lembra de Carlos?
- Carlos?!
- É, aquele, no dia do cinema.
- Qual dia do cinema?!
- O namorado da minha prima!
- Sim, sei – ainda tentando associar nome a pessoa – sim.
- Pronto, amor, acabei de receber a notícia que ele morreu, tô tão triste.

Ele continuou frio. A morte do rapaz não significava tanto pra ele. Tanto que ficou estático e demorou a responder. E quando respondeu foi seco.

- Morreu de quê?
- Tu acredita que ele teve um infarto?
- Sério?
- Sim...tava em casa, foi tomar um banho, começou a demorar, quando a mãe tentou chamá-lo, não teve resposta e abriu a porta... ele tava estirado no chão.
- Caramba..
- Pois é, e só tinha 19 anos. Melissa tá arrasada. Eu vou ligar pra ela pra tentar acalmá-la.
- Liga mesmo, amor.
- Vou ligar.. Só 19 anos, praticava Jiu-jitsu, menino bom, tu não tás tão chocado...
- Pois é, eu só o vi uma vez. Não éramos nem amigos só o conhecia.
- Mesmo assim, amor.
- Enfim, ele fumava?
- Pouco, Melissa conseguiu fazer com que ele parasse mas ele fumava escondido. E bebia. Melissa soube que uma vez ele cheirou loló e é um perigo porque pode infartar.
- Verdade. Loló pode acelerar os batimentos cardíacos.
- É... Melissa disse que ele tava suado passando mal e chegou a desmaiar uma vez.. e jurou que iria parar.
- Será que ele ainda usava?
- Não sei, mas os exames póstumos vão confirmar..
- Hum.. sei.
- Enfim.. Vou desligar, beijos.

E assim a conversa terminou. Ela ligou pra prima, com todo o zelo e atenção. Ele manteve-se normal, tentando lembrar mais do rapaz, pra ver se conseguiria sentir um pouco de remorso ou tristeza que não havia. E foi deitar, refletindo sobre a morte prematura, e todo o seu poursuivre.
Pensava na dor dos parentes e o que aconteceria depois. E parava de pensar e foi dormir. Quando já cochilava o telefone toca. Do outro lado ela. Chorando.

- Amor?!
- Oi, amor, que voz é essa? Tá chorando?
- Amor, me promete uma coisa?
- O quê? Por que tu tá chorando? Calma, amor...
- Promete que não vai me deixar, que não vai ficar doente, que não vai morrer logo e assim?

Ela chorava copiosamente. Estranho a sensação de querer dizer que vai ficar tudo bem e saber que o destino pode ser impiedoso com qualquer um de nós. E ela continuou.

- Promete que nunca vai fumar essas drogas, maconha, nem cheirar loló, eu te amo tanto..
Não tinha o que responder. O silêncio durou alguns segundos antes de ser quebrado por ela novamente.

- Promete, amor... Promete que não vai morrer!
- Eu não pretendo, amor.
- Promete pra mim que não vai me deixar, por favor! E que não vai fumar maconha, nem cheirar loló..
- Eu... prometo. Também prometo te amar para todo o sempre..

E ouvia-se as lágrimas e os soluços decorrentes do choro. Que iria quebrando o a falta de palavras e tomando os créditos da ligação. O silêncio não ousava dizer nada, mas naquele momento era capaz de dizer muito. E ele que não acreditava no amor, utilizou a palavra amar com o verdadeiro sentido dela, com todo o seu sentido mais forte, mais real e muitas vezes mais desconhecido. E ela que já havia sofrido por amor, naquele momento pelo medo do trágico, amou, amava. Por mais que no futuro os dois pudessem inverter de papéis, um amar e a outra desamar, naquele momento o amor acontecia, por mais que se negasse, por mais que se evitasse, por maior que sejam as perdas, ou por mais arriscado e frágeis que sejam os relacionamentos modernos, eles sentiram algo em comum. Despediram-se. Ela parando de chorar, e ele começando a lacrimejar, sem que ela percebesse. Ela aliviado e ele agora exatamente o oposto de frio. Só percebiam que naquele momento, se faziam completos porque... porque, só eles sabiam o porquê!

2 comentários:

Lost Soul disse...

Cara, você tem um talento nato para escrever romances.
Seus textos possuem um conteúdo inacreditável, são muito bons. (:

Anônimo disse...

adorei seu texto cara..parabens