22 fevereiro, 2010

O bêbo...

Era uma segunda feira, dia primeiro de fevereiro do corrente ano. Acabara de largar e me dirigia a um ponto ônibus. Ligava pro meu primo e não recebia resposta nas chamadas. Acabei decidindo a ir então para a casa de tia Gorda, com quem havia combinado poucos minutos antes. Coloco o fone de ouvido e as músicas se alternam no meu celular. Tava meio pensativo naquele dia e lembro nitidamente que escutava Radiohead. Em algum momento do trajeto, o som da música é interrompido pelo toque do celular. Era meu primo perguntando se já tinha largado, dizendo que estava saindo do McDonalds e estava indo concluir a mudança juntamente com o Anderson (Outro cara com quem moramos.) Disse então que iria os ver. Desci do busão 7 na parada seguinte. Já estava em Rive. Lentamente caminho em direção a parada de ônibus que se localiza em frente ao McDô. Fico indeciso entre comer um McChicken e ir direto pra casa mas ao olhar o painel, vi que meu ônibus passaria em instantes. Resolvi ir então pra casa sem rangar mesmo. Subo no 7. Escuto minha música e fico pensando besteira. Uma parada depois, em Metropole, o coletivo para e os passageiros descem e sobem. Sentado na última cadeira, observo um senhor, com aproximadamente seus 45 anos, cabelo estilo anos oitenta, uma jaqueta de couro, com tirinhas também em couro nas mangas que lembrava um Cowboy ou um Motoqueiro, com um violão guardado dentro de uma capa nas costas, e com uma lata de cerveja. Altamente embriagado, ficou tentando abrir a porta sem apertar o botão que faz com que ela abra pelo lado de fora. Ele procurava onde estavam os botões que abrem as portas, que nos novos TPGS ficam ao lado da porta com uma luz que fica piscando. Naquele estado talvez não tivesse enxergado. O motorista ia partir quando ele conseguiu abrir a porta para a tristeza dos passageiros sóbrios e cansados que ali se encontravam. Sentou-se ao lado de uma garotinha ruiva que temia do que um homem naquele estado fosse capaz. Disse-lhe boa noite e ela respondeu com um frio e seco boa noite. Olhou para trás e me viu sentado analisando a situação. Consegui segurar o riso, assim como a mulher que estava sentada de frente para mim. O bêbado queria conversar, chamar atenção, mas todos os ignoravam. Todos que subiam no busão passavam por ele e logo se distanciavam para evitar irritações. Insistentemente continuava a dar boa noite a quem entrava naquele bus. Uma senhora sobe no veículo, senta-se de frente pra ele. Ela era morena, alta e bonita para uma senhora de seus 40 e poucos anos. O nosso grande protagonista a diz em um francês embriagado um boa noite, que para minha surpresa é respondido com um outro boa noite seguido de um sorriso. Ele diz que hoje está frio e que não gosta desse clima. Ela confirma o que ele diz e continua dizendo que não gosta de frio, mas que já estava acostumada a viver no frio de Genebra. Ele disse que teve que se acostumar e ela diz que de onde ela vinha era a mesma coisa praticamente (Ela vinha do Kosovo se não me engano!). O bebum começara a ganhar uma conversa agradável. Ela sempre sorridente continua dando atenção e puxando assunto com o carinha. Assunto vai, assunto vem, falaram de amigos, família, saudade de casa, davam gargalhadas juntos e chegaram até a falar de cachaça. Ele disse que era bom beber e ela concordou com um sorriso sincero. A ruivinha que estava sentada ao lado do nosso nobre herói parte e ele já nem dá mais atenção àquela que queria irritar. Chega então a hora da Kosova tomar seu rumo e descer também. O bebo levanta e estica a mão para cumprimentá-la. Ela cumprimenta por um bom tempo e meio que até deu um abraço no figura lá. Ao descer fica segurando o botão que abre a porta e diz: “Allez-y! vous n’arrêtez pas de vivre et en s’amusant, la vie c’est trop courte...faites la fête...Il faut s’amuser..Bonne soirée. À la prochaîne ! »Tradução : Vamos lá...Não pare de viver e de se divertir, a vida é muito curta, faça a festa...é preciso se divertir...Bom descanso e até a próxima. O bebo agradeceu e passou o resto da viagem quieto rindo e olhando o resto da paisagem congelada naquele dia. Eu ria por dentro e refletia nas palavras sábias daquela mulher. Fiquei viajando, rindo e feliz com a lição de vida que tive naquela noite. Já dizia algum sábio e bêbado de carteirinha: “Nunca fiz amigos bebendo leite!”. Até breve.

P.S: Mas ao beber, lembre-se também do seguinte ditado: O orifício circular corrugado, localizado na parte ínfero-lombar da região glútea de um indivíduo em alto grau etílico, deixa de estar em consonância com os ditames referentes ao direito individual de propriedade. (Cu De Bêbado Não Tem Dono)


Um comentário:

Anônimo disse...

Thanks :)
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